segunda-feira, 3 de junho de 2013

Optimus Primavera Sound 2013 - Eu fui!


O Primavera Sound é um evento corriqueiro que acontecia somente em Madrid. Em Portugal, o evento aparece em 2013 em sua segunda edição, cujo sucesso parece confirmar que o evento veio pra ficar em terras lusitanas. O evento tem a característica de ter em seus palcos artistas sem apelo comercial, além de apresentar novos artistas que tem se destacado por aqui ou na América do Norte. Dividido entre o rock e a música eletrônica, oferece alternativas para a juventude européia (rock, pop e eletrônico são gêneros dominantes no consumo de música da europa). Com uma estrutura de festival gigante, o Primavera Sound preenche uma lacuna para bandas independentes em festivais relevantes. Mais acessível que o Glastonbury ou Reading Festival, é uma excelente alternativa de se conhecer artistas consagrados e novos sem gastar tanto por aqui. As grandes novidades para mim foram ter acesso ao vivo a artistas como The Breeders, Nick Cave and The Bad Seeds, Los Planetas, Glockenwise. A única decepção que eu tive foi o cancelamento por motivos de doença do meu artista folk preferido na atualidade, Sixto Rodriguez, que aparentemente era esperado por grande parte do público do festival. Sua ausência com certeza teve algum impacto, o que, no entanto, não retirou a excelente qualidade do evento. Para mim, foi de toda forma um sonho realizado. Uma das grandes justificativas de que esse meu momento na Europa está sendo inesquecível. Talvez sem minha ida ao festival, minha experiência desses 5 meses estaria incompleta. Compartilho com vocês agora o que eu consegui captar por lá!





Fila gigantesca, mas só passei incríveis 20 minutos até entrar!

Felicidade instantânea.

Bem que avisaram... Shoegaze = problemas nos zuvidos.

Festival perfeito em tudo! Localização, dispersão, sem divisões de público, segurança (não vi uma confusão), pessoas responsáveis e som perfeito!








The Breeders 

Primeira banda do Festival que escutei. Ao chegar no recinto, lá estavam elas! E só durante o show eu descobri que a baixista é a mesma do Pixies! Essa banda relembra muitas surpresas: foi ali que eu vi o quão bonito era o por do sol do parque da cidade, como o som era perfeito, como os telões eram gigantes e em alta definição, como o lugar era seguro... Eu só podia aproveitar tudo aquilo! Ah, e o som é SENSACIONAL!



Deerhunter

Deerhunter foi uma banda que conheci já no velho mundo. Quando a programação do festival saiu, eu fui procurar conhecer algumas bandas e a primeiro que peguei foi essa banda. Sensacional. Shoegaze dos bons.  Recomendo Microcastle, que eles tocaram nesse show e me fizeram alcançar ao êxtase quando as primeiras músicas foram "Cover me slowly" e "Agoraphobia", algumas das minhas prediletas!




 Daniel Johnston

Daniel é um artista magnífico. Apesar de ter problemas de transtorno bipolar e esquizofrenia, seus shows são de uma qualidade única. Trava uma luta em cada música que canta, sem perder a afinação e o propósito. A simplicidade das letras de Jonhston e a execução quase infantil de seu show faz o público cair aos seus pés e lutarem junto com ele. Um artista que influenciou gerações do alternativo desde os anos 80 estava ali, executando seus hits a poucos metros. Emocionante. De escorrer lágrimas. É, eu chorei.





 Melody's Echo Chamber

Uma surpresa muito boa! O disco nem me empolgou tanto. Mas ao vivo o show de Melody's Echo Chamber é fantástico. Um dream pop magnífico, com as pegadas doces misturadas a um rock animado e solos de guitarra empolgantes. Depois de Nick Cave and the Bad Seeds, foi a maior surpresa de bandas que eu até então não conhecia! Recomendo que escutem "I Follow You", e se gostarem, vão com tudo escutar o primeiro album da banda!





Metz

Metz é uma banda canadense filha direta do Nirvana que eu conhecia no soundcloud, através da Subpop. Muito legal saber que eles iam pro Primavera Sound e este se tornou desde o começo um concerto imperdível. O problema é que iria chocar com o horário do Meat Puppets em algum momento. Mas o tempo que deu pra ver os caras tocando me fizeram ter uma visão ao vivo do que é cantar rock de garagem de verdade. Toda a violência de músicas do Nirvana como Milk It, Endless Nameless ou Territorial Pissings  estava presente ali nas cançoes autorais do Metz. Bateria absurdamente agressiva. O baixo é pulsante e tão violento quanto. E a guitarra... Sem palavras. A barulheira era esperada, mas o que mais me chamou atenção foi a cara de nerd do vocalista, sempre cantando com seus óculos de gente que apanhou muito na escola. Quase que uma contradição, mas que se superava a cada grito e riff.





Meat Puppets

Conheci os Meat Puppets como talvez maioria dos jovens de hoje: no Nirvana Unplugged MTV de 1993, quando aqueles estranhos subiram no palco pra tocar suas músicas, cantadas por Kurt Cobain. Plateau, Oh Me e Lake of Fire continuam a ser as músicas que sobressaem com a banda, mas as demais músicas também mostram fervor de qualidade. A diferença é que o Meat Puppets tem uma pegada mais country, o que não se percebe tanto nas três canções que ficaram mundialmente famosas. Muito bom ver Curt e Chris Kirkwood tão de pertinho, fazendo um show emocionante!











Dinosaur Jr.

Saindo do Show do Metz, eis que encontro um ídolo! JMascis na minha frente não parecia real. Da miragem  ao reconhecimento daquela realidade, demorou um certo tempo. As pessoas eram bastante acessíveis a ele. Assim como eu, ele estava indo para o show dos Meat Puppets. Falei rapidamente (todo trêmulo) que precisava muito de uma fotografia com ele e o velho dinossauro do rock alternativo cedeu sem fazer nenhuma objeção. Obrigado, J! O show em si foi incrível. As pessoas se balançavam, mas eu não me mexia com os olhos grudados no trio mais arrojado do rock, ainda que o baterista original tenha sido substituído  nesse show por algum motivo. 


Set do Dinosaur sendo montado e eu na frente do Palco desde o começo. Olha as Marshalls sendo organizadas em convergência!


A velha Jaguar sendo iluminada naturalmente.








Lou Barlow é incrível ao vivo! E o equipamento dele... Olha a "geladeira" da Fender!




 Explosions In The Sky

A banda de música ambiente instrumental encantou muita gente e até fez chorar. Explosions faz o tipo de música que você tem que fechar os olhos. Daí, para o sentimento de paz interior, é um pulo. Foi muito legal ouvir de pertinho, ainda que eu tenha sentido um pouco de tédio às vezes. Mas os músicos são impecáveis no som que tiram de seus instrumentos. Banda nota 10, show nota 8 porque (pelo menos pra mim) cansou um pouco.





My Bloody Valentine

A banda mais esperada da noite, seja porque eu conhecer melhor, seja porque eu tinha uma missão de captar o melhor do show, realmente surpreendeu. Não tem como nós, amantes das Fender Jaguar e Mustang sairmos de um show do MBV sem nos tornar fãs. A atmosfera Shoegaze, que conheci há menos de um ano, se apresentou com toda a sua intensidade e originalidade ali, na fonte do palco, a 10 metros de distância de mim. Surreal. De fechar os olhos e encontrar uma justificativa pra voz doce de Bilinda Butcher se enlaçando aos efeitos nada convencionais de Kevin Shields. Destaque, no entanto, não fica concentrado somente nesses dois. A bateria enfurecida e pop de Colm O Ciosoig e o baixo "ditador" de Debbie Googe possibilitaram que a música tivesse seu caminho, quando tudo parecia eterno. Inesquecível. Principalmente quando, no final, TODOS os músicos pegaram guitarras Jaguar e fizeram um Shoegaze de explodir ouvidos.














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