Então é isso! Hoje, 03 de fevereiro, enfrento o último dia de Murici e vou pra Europa buscar um lugar onde eu possa dizer que é meu, pelo menos por enquanto. O que configura algo que seja mais meu do que a própria residência onde cresci durante anos é a possibilidade de ser mais independente em relação aos problemas e soluções a enfrentar. São muitas emoções que virão nessa jornada. Primeiro, nunca enfrentei tanta burocracia: Corre pra ir fazer passaporte, depois o nada consta na polícia federal, depois começar a pagar o INSS pra ter direito ao documento PB-4 (seguro de saúde reconhecido num acordo entre Brasil e Portugal) e, por último, o visto, lá em Recife. Desculpem se faltou algum documento aqui. Segundo, tem que ter dinheiro: paguei R$165,00 pelo passaporte, mais R$282,00 para o visto, mais uns R$160,00 só de passagem pra recife (duas idas e duas voltas, vish), mais uns R$130,00 pra mala de viagem, mais um num-sei-quanto pra roupas, mais R$2.300,00 de passagens de ida e volta, mais R$5.000,00 pra comprar 1.800,00 Euros e torcer pra que o dinheiro dê. Se não der, é o jeito recorrer mais uma vez à família.
Ir para um intercâmbio internacional é, de certo, uma oportunidade bastante especial. Mas não adianta sonhar com isso se você não corre atrás de oportunidades objetivas. Foi assim que me meti nisso quando da abertura do edital do programa Santander Bolsa Luso-Brasileiras 2012/2013, onde fui contemplado após o Instituto de Ciências Sociais me encaminhar para concorrer na Reitoria da UFAL, onde, depois de uma entrevista, aguardei o resultado com tranquilidade. Mas o dia do resultado oficial é que foi massa. O dinheiro, no entanto, que de acordo com o programa, seria de 3.300,00 Euros, na verdade foi liberado pelo banco em Reais, num cálculo desatualizado. Resultado, tínhamos cerca de 2.800,00 Euros, na verdade. Aí é onde entra aqueles que podem te privar ou alimentar teu sonho de mudar tua vida: tua família. Tive a sorte de ter uma família que me apóie nessa jornada, então estou com tudo já preparado pra partir.
A jornada de voos (que deve durar pouco mais de 30 horas entre aeroportos e aeronaves) começa às 4h17 da manhã deste dia 04 do Aeroporto Zumbi dos Palmares, em Maceió. Dando uma pausa no Aeroporto de Salvador, segue pro Galeão, no Rio de Janeiro, onde desembarcarei às 9h da manhã e ficarei relaxando até as 00:55, quando da partida pela aeronave da Iberia direto pra Madri, pra só depois ir pro aeroporto do Porto e pegar algum carro pra minha já acostumada cidade de Coimbra (viva Google Maps!). É isso, umas 12 horas de viagem num dos veículos mais fascinantes - e ao meu ver, assustadores - que o homem já criou, cruzando o oceano atlântico e seguindo do hemisfério sul pro hemisfério norte.
São medos a serem vencidos. A família que fica pra trás e você fica preocupado com a preocupação de todos, a namorada que vai enfrentar a distância, os amigos inseparáveis que precisamos separar pra poder crescer. Mas eu volto pra todos no final do semestre. Sem medos de voar, de ficar só num novo mundo. É um exílio pelo bem. Vejo vocês de lá, pessoal!
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